Proteja o seu cão no Verão: o “Golpe de Calor” pode matar

Proteja o seu cão no Verão: o “Golpe de Calor” pode matar

O Verão caracteriza-se como uma época de férias para muitos portugueses, que dispõem de mais tempo livre para dedicar aos seus animais de estimação: fazemos passeios de rotina mais longos e levamo-los para todo o lado, inclusive em viagens longas. Contudo, apesar de tudo isto parecer normal, é essencial ter cuidados redobrados e agir preventivamente para evitar complicações tanto para si como para o seu animal.

Segundo o The Independent, mesmo com uma temperatura exterior de 22º C, o interior do seu carro pode atingir os 47ºC no espaço de uma hora. Deixar a janela um pouco aberta não é suficiente para garantir que o seu cão não irá sofrer ao ficar preso naquele espaço, sujeito ao calor por uma ou mais horas. Lembre-se que o calor não é o melhor amigo do seu cão.

Os números demonstram que, nos cães que são sujeitos ao golpe de calor, a morte ocorre dentro das primeiras 24 horas sendo portanto fundamental a sua rápida atenção e intervenção.

O que é?

O Golpe de Calor é uma reação que ocorre quando a temperatura corporal sobe bruscamente e o organismo é incapaz de compensá-la, resultando na disfunção de diversos órgãos, o que pode levar à morte do animal. Ao contrário de nós, os cães não transpiram tendo por isso uma maior necessidade de se abrigar do calor para controlar a sua temperatura. Na impossibilidade de encontrarem superfícies frias ou sombras, o cão aumenta a ventilação pulmonar e fica com a respiração ofegante. Mas, infelizmente, este mecanismo de arrefecimento é muito menos eficaz que a transpiração.

Os principais sintomas são

  • respiração muito ofegante e salivação excessiva;
  • batimento cardíaco acelerado;
  • pele muito quente e temperatura retal elevada;
  • ocorrência de vómitos e diarreia;
  • poderão apresentar descoordenação e fraqueza muscular, podendo inclusive cambalear, ter convulsões e até perder a consciência.

Todos os cães podem sofrer um golpe de calor mas existem grupos de risco

  • cães jovens (até aos 12 meses de idade);
  • cães geriátricos (ou idosos – com mais de 8 anos);
  • cães braquicéfalos (com o focinho achatado), de entre os quais as raças Bulldog Francês, Bulldog Inglês, Boston Terrier e Boxer;
  • cães obesos;
  • cães de pelo comprido ou muito espesso;
  • cães com problemas cardíacos, vasculares ou respiratórios.

Precauções e cuidados básicos

  • manter sempre água limpa e fresca à disposição;
  • manter a circulação do ar no local onde ele se encontre, seja em casa, varanda ou no carro (nunca trancá-lo em áreas quentes e fechadas);
  • garantir sempre a existência de uma sombra no local de permanência do animal;
  • adquirir tapetes refrescantes de combate ao calor;
  • nunca deixar o animal sozinho dentro do carro;
  • não praticar exercício intenso durante as horas de maior calor (cuidado também com as queimaduras nas patas);
  • em viagem, manter as janelas um pouco abertas ou o ar condicionado ligado e fazer paragens de duas em duas horas para lhe oferecer água fresca.

Apesar de tudo, se o seu cão sofrer um golpe de calor deverá dirigir-se IMEDIATAMENTE a um médico veterinário. Lembre-se que um golpe de calor é uma urgência médica que, se não for controlada a tempo, pode ser fatal para o seu animal.

Enquanto não chega ao veterinário deverá

  • molhar todo o corpo do animal com água fria para baixar a sua temperatura corporal. Não utilize água gelada;
  • embrulhar o animal em toalhas húmidas, que devem ser molhadas aos poucos;
  • oferecer água e humedecer a boca do animal, sem força-lo a beber, e sem deixar que beba em excesso;
  • na viagem, ligue o ar condicionado no máximo ou leve os vidros do carro todos abertos (não o coloque na transportadora).
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Histórias Felizes: O Rajah e a Pragana no Pulmão

Histórias Felizes: O Rajah e a Pragana no Pulmão

O desaparecimento

Rajah é um gato, com 1 ano e 8 meses, nascido e criado dentro de casa e que coabita com outros dois gatos (que não apresentam quaisquer sintomas). Habitualmente, o Rajah não tem acesso à rua mas há cerca de 2 meses conseguiu fugir, estando desaparecido durante cerca de um mês.

O regresso a casa

Quando reapareceu, estava magro, cansado e abatido (prostração). Os seus tutores decidiram então recorrer a um médico veterinário que diagnosticou gengivite e subnutrição. Contudo, nos dias seguintes o Rajah continuou a mostrar prostração, perda de peso, vómito, polidipsia (aumento do consumo de água) e pontualmente tosse. Os seus tutores decidiram trazê-lo ao Hospital Veterinário do Atlântico para efetuar consulta e exames.

Durante a consulta identificaram-se as seguintes alterações:

  • Condição corporal de magreza notória (4/9);
  • Desidratação moderada;
  • Hipertermia (40ºC de temperatura retal);
  • Sem mais alterações dignas de nota, tendo o gato ficado hospitalizado para exames complementares e rehidratação.

Resultados dos exames complementares:

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Raio X torácico do Rajah, com localização da pragana (círculo amarelo)
  • Análises bioquímicas sanguíneas: ligeiro aumento do BUN e da Crea (ureia e creatinina-parâmetros que avaliam a função renal);
  • Hemograma: sem alterações aos valores padrão;
  • Ecografia abdominal: Alterações do padrão renal com múltiplas áreas hipoecogénicas corticais, restante exame abdominal sem alterações dignas de nota;
  • Ecografia torácica: Identificou-se lesão cavitária do lobo pulmonar caudal esquerdo, encapsulada, com conteúdo celular e presença de possível corpo estranho;
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Ecografia torácica do Rajah
  • Tomografia Axial Computorizada: Confirmou os achados da ecografia com identificação de lesão cavitária contendo líquido, compatível com abcesso pulmonar secundário a possível corpo estranho, associado a perfuração pulmonar e pneumotórax.
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TAC do Rajah com localização do abcesso pulmonar que se formou em torno da pragana (setas verdes)

Perante esta informação, concluiu-se que uma pragana terá penetrado a cavidade torácica do Rajah e terá migrado internamente, perfurando o pulmão e alojando-se no lobo pulmonar caudal. Foi então necessário recorrer a uma cirurgia para remover parte do pulmão (lobectomia do lobo caudal esquerdo com colocação de dreno torácico) onde se encontrava a pragana, que já tinha causado um abcesso.

Remoção cirúrgica do lobo caudal do pulmão do Rajah contento a pragana

Após a cirurgia, o Rajah recuperou bem e já se encontra feliz junto da sua família!

Este caso complexo, que parecia muito simples à primeira vista, espelha bem a dificuldade em encontrar-se um diagnóstico conclusivo. Quando os sintomas iniciais e as análises básicas não sugerem qualquer anomalia, ressalta a importância do acesso a meios avançados de diagnóstico e de equipamento cirúrgico para a resolução positiva de casos como este.

De realçar que este final feliz apenas tornou-se possível graças à supervisão dos tutores do Rajah, que estiveram sempre atentos aos sintomas apresentados e procuraram imediatamente ajuda especializada.

Mais Vale Prevenir

Mais Vale Prevenir

Na medicina veterinária, à semelhança do que acontece na medicina humana, podemos e devemos apostar na prevenção. Nomeadamente, ter o cuidado de seguir os conselhos acerca de profilaxias que visam manter saudáveis os nossos animais de companhia de forma rápida, segura e eficaz.

Vacinar e Desparasitar

vacinação e a desparasitação são ferramentas de fácil acesso e pouco dispendiosas que temos à nossa disposição para protegermos os nossos companheiros. Com o aumento da população de animais errantes (encontrados na via pública) e da densidade animal, tanto em cidades como em meios rurais, a disseminação de doenças é cada vez maior. Desta forma, a prevenção é a única forma de travarmos o seu avanço e proliferação.

Ao termos a vacinação e desparasitação dos nossos patudos em dia estamos a evitar que alguns agentes zoonóticos os infetem. As zoonoses são doenças que têm origem em diferentes organismos como bactérias ou parasitas que podem prejudicar tanto a saúde dos animais como a dos humanos. Alguns exemplos são a Raiva e a Leptospirose, ambas doenças que podem ser fatais tanto para humanos como para algumas espécies animais. Também alguns parasitas internos nos podem infestar por contacto com os nossos animais, como a Toxocara canis. Neste caso as crianças apresentam um maior risco de serem contaminadas, dado que normalmente apresentam meios de higiene mais delicados e podem ingerir mais facilmente ovos ou larvas deste tipo de parasitas.

Protocolos de Desparasitação

Os protocolos de desparasitação são muito diversos, mas no geral muito fáceis de aplicar, pois são realizados em ciclos não muito longos. Assim, em animais até aos 3 meses recomenda-se uma desparasitação interna quinzenal. Entre os 3 e os 6 meses deverá ser mensal. Logo depois, a partir dos 6 meses aconselha-se a desparasitação em ciclos de aproximadamente 4 meses. No entanto, é de salientar que, no caso de animais que convivam com crianças, estes ciclos devem ser encurtados, pelo que se devem desparasitar estes animais em intervalos de 2 meses.

Protocolos de Vacinação

Em seguida, apresentamos o protocolo vacinal recomendado pelo Hospital Veterinário do Atlântico:
– Nobivac DHPPi: contra Esgana, Hepatite Infecciosa, Parvovirose e Parainfluenza
– Nobivac L4: contra Leptospirose
– Nobivac Rabies: contra Raiva
– Letifend: contra Leishmaniose
– Virbac CRP: contra Calicivírus, Rinotraqueite e Panleucopénia
– Virbac Leucogen: contra Leucose Felina

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Esterilização/Castração

Vale a pena frisar também que a esterilização de cadelas e gatas e a castração de cães e gatos são formas de prevenção. A esterilização de animais de companhia ajuda não só no controlo do número de animais, como na prevenção de alguns problemas comportamentais e ainda na prevenção de inúmeros problemas de saúde:
– No caso das fêmeas a esterilização ajuda a prevenir os tumores de mama e infeções uterinas, doenças cada vez mais comuns em cadelas e gatas, dado a esperança média de vida dos nossos companheiros estar a aumentar.
– Em cães a castração previne o desenvolvimento de hiperplasia benigna da próstata e consequentes prostatites e quistos prostáticos. Nos gatos as principais vantagens são em termos do maneio comportamental, nomeadamente dos comportamentos sexuais como a marcação de território.

O Cancro Não é Só Humano

O Cancro Não é Só Humano

Quanto mais convivemos com os nossos amigos de quatro patas, mais nos apercebemos das nossas semelhanças. Gostamos das mesmas comidas (apesar de não as processarmos da mesma maneira), gostamos de receber e dar mimos, e gostamos das mesmas atividades, principalmente quando são exteriores. Infelizmente, não é aí que terminam as semelhanças. Também na saúde e na doença temos paralelismos. Os nossos amigos podem ter cancro, tal como nós, sendo alguns tipos de tumores no cão e no gato parecidos aos do ser humano.

Sabia que o comportamento do cancro animal em alguns casos é utilizado como modelo de estudo para o cancro humano?

Sintomas e Prevenção

Assim como connosco, o mais importante é o diagnóstico precoce. Para os vários tipos de tumores há sinais e atenções especiais diferentes. Dito isto, há sinais mais comuns, como:
– Caroços, inchaços ou descolorações da pele
– Nódulos palpáveis
– Prostração e/ou desconforto
– Perda de apetite e/ou alterações no peso
– Aumento da ingestão de água
– Dilatação abdominal
– Dificuldade a respirar ou a comer
– Diarreia ou vómito persistente
– Inchaço, dor ou coxeira inexplicáveis

Tal como no ser humano, a prevenção é difícil. No entanto, há alguns cuidados que podem ajudar. Nomeadamente a esterilização precoce das fêmeas que reduz a probabilidade de tumores mamários. Já a utilização de pílula, mesmo que use apenas uma vez, aumenta muito a probabilidade deste tipo de tumores.

Em gatos com nariz, orelhas e olhos de pelo branco há maior predisposição para o aparecimento de um tipo de cancro de pele nestas localizações, sendo recomendável evitar exposição solar e utilização de protector solar.

Tratamento

Felizmente a medicina veterinária tem progredido bastante nos últimos anos e existem diversas possibilidades de tratamento para os diversos tipos de tumores.

cirurgia é uma base importante no tratamento oncológico de grande parte dos tumores. E, tal como na oncologia humana, podemos utilizar a quimioterapia para ajudar no controlo e/ou tratamento, dependendo do caso.

Apesar de todas as semelhanças já descritas, existe uma diferença muito importante na oncologia veterinária em relação à oncologia humana, que se centra no objetivo do tratamento. O objetivo do tratamento oncológico veterinário é acima de tudo dar qualidade de vida pelo máximo de tempo possível. Não tem como objetivo estender uma vida sem qualidade. Queremos sempre que o seu amigo seja capaz de fazer a sua vida, comer, brincar e tudo a que tem direito. Neste sentido, a sua relação com o seu médico veterinário oncologista deve ser de confiança e honestidade para o melhor acompanhamento possível.

Se o seu companheiro exibir algum dos sintomas descritos, marque uma consulta para podermos investigar.

Desparasitação Interna e Externa

Desparasitação Interna e Externa

Pulgas e carraças

As pulgas são parasitas externos, de pequenas dimensões, que se alimentam do sangue de mamíferos e aves. Eles dependem do hospedeiro para se alimentar e proteger.
Além do incómodo das picadas, alguns cães são alérgicos à saliva da pulga, manifestando dermatites pruriginosas, difíceis de controlar. Existem ainda alguns agentes patogénicos transmitidos pela pulga.
A infestação com pulgas ocorre muito facilmente, durante um passeio curto à rua ou ao jardim, por exemplo, independentemente das condições higiénicas do seu ambiente. A pulga salta para o hospedeiro e em poucos minutos inicia a sua alimentação. À medida que se alimenta esta vai também reproduzir-se, depositando ovos na superfície da pele do cão e na casa. Estes ovos, em ambiente doméstico poderão originar novas pulgas, perpetuando assim a infestação. Uma pulga pode depositar até 50 ovos por dia! Assim sendo, o tratamento do cão e o controlo ambiental devem fazer-se de forma integrada.

Infestação por pulgas

• Tratar o cão a fim de eliminar rapidamente as pulgas adultas do animal – aconselhe-se com o seu médico veterinário sobre o produto a utilizar.
• Aspirar todos os compartimentos da casa, incluindo carpetes, tapetes, sofás e almofadas.
• Lavar com água quente todos os têxteis (camas, mantas, etc…).
• Em casos de infestações graves existem produtos de aplicação ambiental que têm como objetivo eliminar ovos e pulgas adultas.
• Posteriormente fazer um rigoroso plano de prevenção.

Infestação por carraças

As carraças são parasitas de que têm como hospedeiro preferencial o cão. Estas picam e fixam-se através do seu aparelho bucal à sua pele e alimenta-se de sangue. Para além das alterações cutâneas no ponto de penetração da carraça, estas são também responsáveis pela transmissão de doenças graves, tanto aos animais como ao Homem. A designação “febre da carraça” é utilizado para descrever um conjunto de doenças transmitidas pela picada da carraça, tais como a Babesiose ou a Erliquiose, que têm como principais manifestações clínicas a apatia, anorexia e febre, podendo associar-se a uma coloração alaranjada da urina.
Encontrar uma carraça presa à pele do seu cão não significa necessariamente que esta lhe tenha transmitido uma doença. No entanto, é importante removê-la e fazê-lo corretamente, para que seja retirado o ponto de fixação. Pode utilizar uma pinça ou uma própria para o efeito. O importante é que agarre a carraça o mais próximo possível da pele do animal.
Deve rodar a pinça até que se solte da pele. Após extração da carraça limpe e desinfete a pele. Inspecione diariamente a zona até cicatrização completa. Caso a ferida se complique ou o cão demonstre sinais de doença, como febre, diminuição do apetite ou prostração consulte o seu médico veterinário.

É importante proteger o seu cão contra pulgas e carraças e garantir um tratamento eficaz no caso de infestações, para evitar doenças e a contaminação da casa. Existem diversos produtos para controlar estes parasitas sob a forma de pipetas “spot-on”, coleiras, comprimidos ou sprays. A escolha do produto ideal para o seu cão dependerá do seu estilo de vida, grau de exposição a parasitas e hábitos de higiene.

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As infestações com parasitas externos podem ocorrer em qualquer época do ano, apesar de apresentarem picos de incidência na Primavera e Outono. Assim sendo recomenda-se a utilização de ectoparasiticidas ao longo de todo o ano.
Se existirem outros animais em casa ou que contactem regularmente com o seu cão, deve garantir que todos fazem uma prevenção adequada, já que animais não tratados podem funcionar como fonte de novas infestações e contaminar o ambiente.

Parasitas internos

Existem muitos parasitas que afetam o aparelho digestivo do cão, os mais comuns são os nemátodes (vulgarmente designados por lombrigas) e os céstodes, também conhecidos por ténias. Os parasitas vivem, alimentam-se e reproduzem-se no seu hospedeiro. Os animais e as pessoas contaminam-se pela ingestão de formas infestantes (contacto com terra ou fezes de animais) ou durante a gestação ou amamentação. A desparasitação “interna” é uma rotina importante no plano de medicina preventiva, já que estes constituem um risco para a saúde dos animais, mas também para a das pessoas que com eles contactam.
O plano de proteção antiparasitária deve incluir a administração de desparasitantes internos e externos. Este pode variar e deve ser adaptado pelo seu veterinário ao seu cão, em função do risco.

tabela desparasitacao

Dra. Sónia Miranda

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