A esterilização dos animais de companhia é um ponto fulcral de um bom plano de medicina preventiva, pois tem diversas vantagens diretas para o animal, especialmente se for realizada numa fase precoce da vida. Além de prevenir certas doenças e diminuir a probabilidade do aparecimento de outras, tem um efeito direto comprovado no aumento da qualidade e da esperança média de vida dos animais de companhia. Promove ainda alterações positivas no comportamento que facilitam a convivência social e a integração na família, e é um contributo de cidadania importante para ajudar a combater problemas associados ao controlo de natalidade e de abandono de animais.
O que é a esterilização?
A esterilização é a eliminação da capacidade reprodutiva, quer por meios cirúrgicos ou meios químicos. Nos animais de companhia é recomendável a esterilização por método cirúrgico, pois é atualmente o método mais seguro e definitivo de impedir a procriação.
A esterilização cirúrgica deve ser realizada sob anestesia geral. Na fêmea, a cirurgia mais realizada é a ovario-histerectomia, que consiste na remoção do útero e dos ovários. No macho realiza-se habitualmente a orquiectomia, que é a remoção dos testículos. Ambos os procedimento são relativamente rápidos mas requerem todos os cuidados para garantir uma cirurgia segura. Nos machos é pouco invasiva, sendo geralmente realizada uma pequena incisão à frente dos testículos. Nas fêmeas a incisão também é pequena, mas é necessário o acesso à cavidade abdominal, pelo que requer cuidados acrescidos e é um pouco mais demorada. No Hospital Veterinário do Atlântico temos ainda a capacidade para realizar a ovariectomia (remoção apenas dos ovários) por laparoscopia, que é um método menos invasivo, seguro e que leva a uma recuperação mais rápida e menos dolorosa.
Em qualquer das técnicas cirúrgicas utilizadas é altamente recomendável proceder a um exame pré-cirurgico e, eventualmente, realizar algumas análises de modo a garantir a maior segurança possível durante a anestesia. No nosso hospital todas as cirurgias são efetuadas numa sala exclusivamente dedicada a este fim. Em todos os animais sujeitos a anestesia os parâmetros vitais são monitorizados durante toda a cirurgia e a anestesia é volátil permitindo um maior controlo do plano anestésico, aumentado a segurança do procedimento.
O período pós-cirúrgico, utilizando a técnica mais convencional, dura cerca de uma semana, em que é necessário proteger a incisão para que cicatrize bem. Para isso pode ser aplicado um penso, um body ou um colar isabelino para impedir a lambedura.
Porquê esterilizar?
Esterilizar um animal de companhia é simultaneamente um ato de amor e de responsabilidade. Além dos benefícios diretos para a saúde do seu companheiro, só assim será possível evitar crias indesejadas, e prevenir a principal causa do abandono animal.
Cada cadela pode ter 2 partos por ano (aproximadamente 16 cachorros por ano). Cada gata pode ter até 3 partos por ano (aproximadamente 15 gatinhos por ano). O efeito na população é exponencial: uma cadela e os seus descendentes podem gerar 73.000 novos animais em 6 anos, e no caso da gata, a sua vida reprodutiva, multiplicada pelos seus descendentes, pode gerar até 24.000 gatinhos.
Um animal não esterilizado pode ser potencialmente responsável pela geração de milhares de descendentes num curto período. É impossível encontrar lares responsáveis para tantos animais.
Quais as vantagens diretas da esterilização na saúde dos animais?
Vantagens Para os Machos:
Diminui as fugas
Reduz a marcação do território (urina fora do lugar)
Evita agressividade motivada por excitação sexual constante
Evita cancros testiculares
Evita a perpetuação de doenças geneticamente transmissíveis
Os animais ficam mais tranquilos, dóceis e sociáveis
Vantagens Para as Fêmeas:
Evita cios e acasalamentos indesejáveis, principalmente quando se tem um casal de animais de estimação;
Evita cancro dos ovários ou útero na fase adulta;
Evita cancro mamário, especialmente se a esterilização for realizada antes do primeiro cio
Evita a piómetra, uma grave infecção uterina, em fêmeas adultas;
Evita episódios frequentes de “gravidez psicológica” e as suas consequências como infecção mamária
Evita doenças transmissíveis por ato sexual ou mordida, especialmente no caso dos vírus felinos
Evita a perpetuação de doenças geneticamente transmissíveis
O que ter em atenção quando o seu animal tem que ser sujeito a uma cirurgia?
No que toca a esta área tão especial e especializada da profissão médico-veterinária é necessário que os tutores saibam avaliar se as condições físicas e humanas existentes se coadunam com o grau de especialização que a situação requer. Há situações em que o facto de as coisas correrem menos bem, levam a comparações injustas entre profissionais e estruturas clínicas/hospitalares.
Cremos ser importante que os nossos clientes tenham toda a informação possível, de forma clara, de modo a poderem fazer as escolhas de forma correta e a conseguirem avaliar com exatidão os riscos e benefícios das suas decisões.
Desenvolvemos este documento de modo a alertar para os passos que achamos devem ser tidos em conta e à explicação dos mesmos, de modo a poderem fazer a escolha correta na altura da decisão. Para isso, explicamos os protocolos existentes no Hospital Veterinário do Atlântico que podem ser utilizados como termo de comparação.
1. Consulta de pré-cirurgia:
Nesta consulta o animal é sujeito a um exame clínico de modo a avaliar a sua condição física bem como, muitas vezes, identificar problemas que possam acarretar risco para o animal caso seja sujeito a uma anestesia. Nesta consulta são ainda esclarecidas quaisquer dúvidas que os proprietários possa ter relativamente aos riscos, benefícios e prognóstico da cirurgia. É ainda nesta consulta que é feita a programação da cirurgia da forma mais conveniente para o dono mas tendo sempre em conta o bem-estar do seu animal. No HVA procedemos à elaboração de uma estimativa de custos para a cirurgia e em que podem ser esclarecidos todos os detalhes da mesma antes de avançarmos com o procedimento.
2. Exames pré-cirúrgicos
na consulta pré-cirúrgica, tendo em conta o historial do animal e o exame, pode ser recomendável proceder a alguns exames. Também na medicina humana mandam as boas práticas que se proceda a alguns exames de rotina (Ex: hemograma, bioquímicas, eletrocardiograma, radiografias ao tórax, etc.). No HVA temos todos os meios disponíveis para proceder a estes exames em tempo útil melhorando, deste modo a segurança do procedimento cirúrgico.
3. Cirurgia
Sabia que num consultório veterinário apenas pode ser feita “pequena cirurgia, sendo consideradas as intervenções que apenas necessitam de tranquilização ou analgesia” (a maioria requer anestesia geral) ou caso se proceda a outro tipo de procedimentos cirúrgicos “tem que possuir sala de cirurgia independente”- Decreto Lei nº184/2009. Todas as cirurgias que não obedeçam a estas condições terão que ser feitas em clínicas e/ou hospitais equipados para esse fim. Estas regras têm como base garantir os melhores cuidados para o seu animal e o bom serviço ao cliente. É fácil perceber que um procedimento cirúrgico não pode ser feito em cima da mesa onde minutos antes e esteve a fazer a limpeza de uma ferida infetada.
No HVA temos uma sala destinada exclusivamente a este fim, sala equipada com sistemas de filtração de ar equivalentes aos de muitos hospitais de medicina humana.
No HVA todo o material utilizado (instrumental cirúrgico, compressas, luvas, etc.) é esterilizado de acordo com as normas de segurança de clínicas de medicina humana.
Quer o cirurgião quer os “circulantes” encontram-se protegidos com batas esterilizadas, toucas de cabeça, máscaras cirúrgicas de modo a minimizar os riscos de contaminação.
Todo o animal sujeito a anestesia geral é sujeito a monitorização em tempo real, recorrendo a equipamentos especiais para esse fim, para a frequência cardíaca, respiratória, pressão arterial, temperatura corporal, PCo2 entre outros parâmetros.
4. Anestesia
Existem diferentes tipos de procedimentos anestésicos mas podem incluir-se de forma lata, em duas categorias principais:
Anestesia fixa: neste caso serão administrados drogas anestésicas ao seu animal, numa dose adequada ao peso e à idade. Neste tipo de anestesia trabalha-se com base numa “previsão de tempo anestésico” para cada tipo de protocolo anestésico utilizado. As vantagens são o baixo custo para o dono e a facilidade de administração das mesmas para o médico veterinário. Na nossa opinião as desvantagens são um baixo controlo do plano anestésico e o risco de, caso alguma coisa corra mal, como prolongar em segurança a anestesia do seu animal?!
Anestesia volátil: é o tipo de cirurgia utilizada no HVA, neste caso a “indução” da anestesia é feita com drogas anestésicas mas, a manutenção da anestesia é feita recorrendo a uma mistura de oxigénio (grau de pureza superior a 90%) com um gás anestésico. Vantagens: menor tempo para “acordar” da anestesia, menos drogas a serem metabolizadas (principalmente nos rins e fígado-importante para animais mais velhos) e acima de tudo uma grande segurança no controlo do plano anestésico pois, recorrendo à monitorização dos parâmetros mencionados anteriormente, o MV pode prolongar, “aprofundando ou aligeirando” o plano anestésico, o tempo de anestesia do seu animal de estimaçãoem segurança.
5. Sutura
No Hospital Veterinário do Atlântico são utilizados fios de sutura da reputada marca BRAUN, muito utilizada na medicina humana, estes fios são de alta qualidade, embalados e esterilizados individualmente e não reaproveitados uma vez abertos. Deste modo garantimos o mínimo de complicações e riscos de infeção das suturas.
6. Recobro
No HVA recomendamos sempre que o animal permaneça nas nossas instalações até estar completamente em segurança para voltar ao seu ambiente familiar.
7. Pós-cirúrgico
Recomendamos sempre uma reavaliação do animal e da sutura cerca de 3 dias depois da cirurgia para confirmarmos a boa evolução do pós-operatório (esta consulta, por norma, não é cobrada).
Se fosse para si, como gostava que fossem os procedimentos?!
Esperamos que este guia possa ajudar a contribuir para esclarecer algumas dúvidas que surgem aos nossos clientes na altura da cirurgia e contribuir para uma melhor prática da medicina veterinária.
Informe-se sempre junto do seu Médico Veterinário acerca dos procedimentos adotados antes de qualquer cirurgia. Se estiver de “boa-fé”, terá todo o gosto em esclarecê-lo e tranquilizá-lo antes de um procedimento tão importante com tantas implicações na saúde e bem-estar do seu animal de estimação.
Diariamente a nossa equipa tenta combater os mitos se dizem por aí: “o animal já tem uma idade avançada para ser submetido a anestesia geral…” ou “o seu animal já foi submetido a uma anestesia geral, não aguentaria outra…”
O nosso objetivo é descredibilizar estes mitos! Os tutores cada vez mais se preocupam com o bem-estar animal e querem cada vez mais melhorar a qualidade de vida do seu animal de estimação…mas na hora de submeter o animal de companhia a uma anestesia geral, é uma situação que traz sempre muitos receios e fá-los balançar na decisão final: autorizar ou não autorizar?
Acreditamos que o primeiro passo é incutir a confiança do tutor na equipa hospitalar que cuida do seu animal de companhia!
O Hospital Veterinário do Atlântico
O nosso hospital dispõe de uma equipa multidisciplinar que tem conhecimentos exaustivos sobre anestesia e que cria protocolos anestésicos adequados a cada paciente. Para nós, cada animal é único!
A criação deste protocolo é baseada numa consulta pré-cirúrgica. Nesta consulta específica, o seu animal de estimação é avaliado fisicamente, e juntamente com o dono, é colhida a história dos antecedentes médicos/cirúrgicos do animal. Por fim, são realizados exames/análises pré-cirúrgicas.
É importante referir que os exames/ análises incluídas neste check-up pré-cirúrgico variam essencialmente consoante a idade do seu animal e o historial do seu animal. Quanto maior a idade, mais exames poderão ser necessários realizar para garantir a escolha correta do protocolo anestésicos a usar. Nada é feito ao acaso.
O protocolo anestésico propriamente dito é dividido em pré-medicação, anestesia de indução e anestesia de manutenção. E as drogas a usar variam consoante os achados na consulta pré-cirúrgica. Apesar de existirem sempre riscos associados à anestesia, o nosso objetivo é minimizarmos estes riscos ao máximo, em prol de uma anestesia mais segura.
Após a intervenção cirúrgica, o animal tem um período de recuperação da anestesia. Este período carece de uma especial atenção por parte da equipa médico-veterinária. Por este motivo, nenhum dos nossos pacientes sai das nossas instalações sem estar apto para tal. E se necessário, fica internado durante um período de tempo mais alargado sob vigilância.
Confiança!
Não vacile quando chegar o momento de decidir que o seu animal terá de ser submetido a anestesia geral para se realizar um procedimento cirúrgico que melhorará a qualidade de vida do seu membro de família de 4 patas.