O Cancro Não é Só Humano

O Cancro Não é Só Humano

Quanto mais convivemos com os nossos amigos de quatro patas, mais nos apercebemos das nossas semelhanças. Gostamos das mesmas comidas (apesar de não as processarmos da mesma maneira), gostamos de receber e dar mimos, e gostamos das mesmas atividades, principalmente quando são exteriores. Infelizmente, não é aí que terminam as semelhanças. Também na saúde e na doença temos paralelismos. Os nossos amigos podem ter cancro, tal como nós, sendo alguns tipos de tumores no cão e no gato parecidos aos do ser humano.

Sabia que o comportamento do cancro animal em alguns casos é utilizado como modelo de estudo para o cancro humano?

Sintomas e Prevenção

Assim como connosco, o mais importante é o diagnóstico precoce. Para os vários tipos de tumores há sinais e atenções especiais diferentes. Dito isto, há sinais mais comuns, como:
– Caroços, inchaços ou descolorações da pele
– Nódulos palpáveis
– Prostração e/ou desconforto
– Perda de apetite e/ou alterações no peso
– Aumento da ingestão de água
– Dilatação abdominal
– Dificuldade a respirar ou a comer
– Diarreia ou vómito persistente
– Inchaço, dor ou coxeira inexplicáveis

Tal como no ser humano, a prevenção é difícil. No entanto, há alguns cuidados que podem ajudar. Nomeadamente a esterilização precoce das fêmeas que reduz a probabilidade de tumores mamários. Já a utilização de pílula, mesmo que use apenas uma vez, aumenta muito a probabilidade deste tipo de tumores.

Em gatos com nariz, orelhas e olhos de pelo branco há maior predisposição para o aparecimento de um tipo de cancro de pele nestas localizações, sendo recomendável evitar exposição solar e utilização de protector solar.

Tratamento

Felizmente a medicina veterinária tem progredido bastante nos últimos anos e existem diversas possibilidades de tratamento para os diversos tipos de tumores.

cirurgia é uma base importante no tratamento oncológico de grande parte dos tumores. E, tal como na oncologia humana, podemos utilizar a quimioterapia para ajudar no controlo e/ou tratamento, dependendo do caso.

Apesar de todas as semelhanças já descritas, existe uma diferença muito importante na oncologia veterinária em relação à oncologia humana, que se centra no objetivo do tratamento. O objetivo do tratamento oncológico veterinário é acima de tudo dar qualidade de vida pelo máximo de tempo possível. Não tem como objetivo estender uma vida sem qualidade. Queremos sempre que o seu amigo seja capaz de fazer a sua vida, comer, brincar e tudo a que tem direito. Neste sentido, a sua relação com o seu médico veterinário oncologista deve ser de confiança e honestidade para o melhor acompanhamento possível.

Se o seu companheiro exibir algum dos sintomas descritos, marque uma consulta para podermos investigar.

Desparasitação Interna e Externa

Desparasitação Interna e Externa

Pulgas e carraças

As pulgas são parasitas externos, de pequenas dimensões, que se alimentam do sangue de mamíferos e aves. Eles dependem do hospedeiro para se alimentar e proteger.
Além do incómodo das picadas, alguns cães são alérgicos à saliva da pulga, manifestando dermatites pruriginosas, difíceis de controlar. Existem ainda alguns agentes patogénicos transmitidos pela pulga.
A infestação com pulgas ocorre muito facilmente, durante um passeio curto à rua ou ao jardim, por exemplo, independentemente das condições higiénicas do seu ambiente. A pulga salta para o hospedeiro e em poucos minutos inicia a sua alimentação. À medida que se alimenta esta vai também reproduzir-se, depositando ovos na superfície da pele do cão e na casa. Estes ovos, em ambiente doméstico poderão originar novas pulgas, perpetuando assim a infestação. Uma pulga pode depositar até 50 ovos por dia! Assim sendo, o tratamento do cão e o controlo ambiental devem fazer-se de forma integrada.

Infestação por pulgas

• Tratar o cão a fim de eliminar rapidamente as pulgas adultas do animal – aconselhe-se com o seu médico veterinário sobre o produto a utilizar.
• Aspirar todos os compartimentos da casa, incluindo carpetes, tapetes, sofás e almofadas.
• Lavar com água quente todos os têxteis (camas, mantas, etc…).
• Em casos de infestações graves existem produtos de aplicação ambiental que têm como objetivo eliminar ovos e pulgas adultas.
• Posteriormente fazer um rigoroso plano de prevenção.

Infestação por carraças

As carraças são parasitas de que têm como hospedeiro preferencial o cão. Estas picam e fixam-se através do seu aparelho bucal à sua pele e alimenta-se de sangue. Para além das alterações cutâneas no ponto de penetração da carraça, estas são também responsáveis pela transmissão de doenças graves, tanto aos animais como ao Homem. A designação “febre da carraça” é utilizado para descrever um conjunto de doenças transmitidas pela picada da carraça, tais como a Babesiose ou a Erliquiose, que têm como principais manifestações clínicas a apatia, anorexia e febre, podendo associar-se a uma coloração alaranjada da urina.
Encontrar uma carraça presa à pele do seu cão não significa necessariamente que esta lhe tenha transmitido uma doença. No entanto, é importante removê-la e fazê-lo corretamente, para que seja retirado o ponto de fixação. Pode utilizar uma pinça ou uma própria para o efeito. O importante é que agarre a carraça o mais próximo possível da pele do animal.
Deve rodar a pinça até que se solte da pele. Após extração da carraça limpe e desinfete a pele. Inspecione diariamente a zona até cicatrização completa. Caso a ferida se complique ou o cão demonstre sinais de doença, como febre, diminuição do apetite ou prostração consulte o seu médico veterinário.

É importante proteger o seu cão contra pulgas e carraças e garantir um tratamento eficaz no caso de infestações, para evitar doenças e a contaminação da casa. Existem diversos produtos para controlar estes parasitas sob a forma de pipetas “spot-on”, coleiras, comprimidos ou sprays. A escolha do produto ideal para o seu cão dependerá do seu estilo de vida, grau de exposição a parasitas e hábitos de higiene.

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As infestações com parasitas externos podem ocorrer em qualquer época do ano, apesar de apresentarem picos de incidência na Primavera e Outono. Assim sendo recomenda-se a utilização de ectoparasiticidas ao longo de todo o ano.
Se existirem outros animais em casa ou que contactem regularmente com o seu cão, deve garantir que todos fazem uma prevenção adequada, já que animais não tratados podem funcionar como fonte de novas infestações e contaminar o ambiente.

Parasitas internos

Existem muitos parasitas que afetam o aparelho digestivo do cão, os mais comuns são os nemátodes (vulgarmente designados por lombrigas) e os céstodes, também conhecidos por ténias. Os parasitas vivem, alimentam-se e reproduzem-se no seu hospedeiro. Os animais e as pessoas contaminam-se pela ingestão de formas infestantes (contacto com terra ou fezes de animais) ou durante a gestação ou amamentação. A desparasitação “interna” é uma rotina importante no plano de medicina preventiva, já que estes constituem um risco para a saúde dos animais, mas também para a das pessoas que com eles contactam.
O plano de proteção antiparasitária deve incluir a administração de desparasitantes internos e externos. Este pode variar e deve ser adaptado pelo seu veterinário ao seu cão, em função do risco.

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Dra. Sónia Miranda

Como ajudar o seu animal se ele tiver uma hemorragia

Como ajudar o seu animal se ele tiver uma hemorragia

Hemorragia é toda a perda de sangue que o organismo possa sofrer, seja ela rápida (aguda) ou de forma lenta e gradual (crónica).
Uma perda de um grande volume de sangue em pouco tempo pode provocar uma paragem cardíaca.
As hemorragias independentemente da causa devem ser controladas rapidamente, porque uma perda de sangue, aguda ou crónica pode ser fatal. É importante saber controlar uma hemorragia, já que pode ser necessário em casos de emergência, nem que seja apenas durante o transporte até ao veterinário.

As hemorragias externas são mais fáceis de se detectar pois é possível a visualização da perda de sangue. Normalmente, são provocadas por um corte, perfuração ou lutas entre os animais.

Hemorragias Superficiais

Atingem só a pele. Os pequenos vasos que irrigam a pele são danificados e a perda de sangue é considerável, mas raramente fatal.

O que fazer?

Aplique um pano limpo ou compressas de gaze sobre o corte e pressione por alguns minutos. Mantenha a pressão até a hemorragia parar. O tempo para que isso ocorra é variável e está relacionado com a região do corte e a extensão da lesão. Por exemplo, as orelhas e patas sangram bastante. Encaminhe o animal para o veterinário para a desinfeção e sutura do corte. Se isso não for possível imediatamente, após a hemorragia diminuir, limpe o local com água oxigenada, tentando não esfregar vigorosamente para não afetar o processo de coagulação. Desinfete e mantenha o local protegido por uma gaze ou pano para impedir a contaminação e o acesso das moscas à lesão. Ligaduras de gaze e pensos são difíceis de se manter, pois o animal costuma retirá-los imediatamente

Hemorragias Profundas

Se um vaso sanguíneo for atingido (veia ou artéria), a hemorragia pode ser grave e deve ser estancada imediatamente. Os vasos que podem ser atingidos mais facilmente localizam-se nas patas, cauda, orelhas e pescoço.

O que fazer?

Aplica-se um pano limpo sobre a lesão pressionando firmemente. No caso de vasos maiores, o sangue não irá parar facilmente. Mantenha a pressão sobre a região até chegar ao veterinário. No caso de patas ou cauda poderá aplicar um garrote, ou seja, com uma ligadura, cordão ou até o atacador de um sapato, amarre o membro ou cauda um pouco antes da região do corte. O garrote estancará a hemorragia imediatamente, mas não deve mantê-lo por mais de 15 minutos ou apertá- lo muito sob o risco de necrosar o membro por falta de suprimento de sangue. Se usar o garrote, afrouxe-o a cada 15 minutos e depois volte a apertar.

A aplicação de pressão direta sobre a ferida é o método mais eficaz para controlar uma hemorragia. Se a compressão direta for impossível ou ineficaz pode ser aplicada pressão sobre a artéria que irriga a zona afetada:

• Pressionar a artéria femoral, na face interna da coxa, em caso de hemorragia grave do membro posterior.
• Pressionar a artéria braquial, na zona axilar, caso exista hemorragia grave no membro anterior;
• Pressionar a artéria caudal, na base da cauda se a ferida estiver na cauda.

As hemorragias internas são mais difíceis de se detectar, pois não se visualizam. Após uma queda ou um acidente, o animal pode perder sangue por rutura de um órgão ou de um vaso interno. A ingestão acidental de rodenticidas pode provocar uma coagulopatia e ser responsável por hemorragias internas.

O que fazer?

Se o animal estiver com uma hemorragia interna, perderá temperatura rapidamente e as suas mucosas (gengivas e conjuntiva ocular) ficarão pálidas. O animal pode perder a consciência e entrar em choque. Como não temos como diagnosticar a hemorragia interna, em casos de acidentes ou quedas, se houver perda de temperatura, palidez e perda de consciência, deve-se tratar o animal como no caso de choque e encaminhá-lo ao veterinário imediatamente.

As hemorragias internas são emergências que requerem tratamento médico imediato. Os sinais clínicos associados são a palidez das mucosas, debilidade, diminuição da temperatura corporal e um aumento da frequência cardíaca e respiratória.

Existem macas desenhadas especificamente para o transporte de animais politraumatizados.

Dra Sónia Miranda

Cuidados para o Verão: Como reagir em caso de Queimaduras ou Golpe de Calor

Cuidados para o Verão: Como reagir em caso de Queimaduras ou Golpe de Calor

Queimaduras

Tal como nas pessoas, as queimaduras nos animais também se classificam de acordo com a sua gravidade e extensão:


1º GRAU: lesão superficial que cicatriza em média após 10 dias.


2º GRAU: lesão da pele mais profunda que a anterior. Há perda dos pelos e formação de vesículas (bolhas). A pele cicatriza em mais de 15 dias.


3º GRAU: lesão grave em que toda a espessura da pele é destruída. É um processo muito doloroso e de cicatrização muito lenta.

Causas comuns: agentes térmicos (água ou superfícies muito quentes, fogo) ou agentes químicos (ácidos, substâncias cáusticas).
Casos mais comuns: animais que comem comida caseira muito quente podem ter queimaduras de grau leve na boca; acidentes envolvendo líquidos a ferver que caiem acidentalmente sobre os animais resultam em queimaduras de 3º grau; animais que lambem ou ingerem substâncias cáusticas presentes em produtos de limpeza podem queimar a boca e esófago; choques elétricos podem resultar em queimaduras na boca e língua; queimaduras de sol podem ocorrer em animais de pele e focinho muito claros; queimaduras nas almofadas plantares por andarem sobre asfalto muito quente.
Em caso de incêndios os cuidados primários a ter com os seus animais são semelhantes ao que deve ter consigo, Protege-lo das queimaduras diretas na pele e não esquecer as queimaduras e intoxicação do aparelho respiratório pela inalação de fumo a altas temperaturas.

O que fazer: Queimaduras de 1º e 2º graus podem ser tratados com pomadas cicatrizantes e antibióticas, sob a orientação do médico veterinário. Lavar a lesão com água corrente ou soro fisiológico frio pelo menos 5 minutos, aplicar uma pomada cicatrizante e uma ligadura de gaze até levar o animal ao veterinário.
Se a lesão for de 3º grau, esse procedimento é muito doloroso e, portanto, deve ser feito sob tranquilização ou anestesia, por um profissional. Neste caso, aplique soro fisiológico frio e leve o animal ao veterinário, pois toda a manipulação da queimadura é muito dolorosa.
Queimaduras de sol ocorrem em animais expostos muito tempo ao sol e podem ser evitadas com o uso de um protetor solar sobre a região glabra do focinho ou das orelhas, por exemplo. Evitar a exposição prolongada ao sol em animais de pele e pelos muito claros. Os gatos brancos são especialmente sensíveis à exposição solar.
A utilização de blocos de gelo nas queimaduras está contraindicada, assim como a aplicação de manteiga, margarina ou qualquer outra gordura.
As queimaduras podem ser térmicas, químicas, elétricas ou por fricção.
Nunca considere uma queimadura um acidente “menor”. Por vezes é difícil determinar a extensão da lesão, por isso, mesmo que a queimadura pareça pequena deve dirigir-se o mais rápido possível ao seu veterinário e em casos de maior gravidade monitorizar os parâmetros vitais do animal.

Quais os cuidados a ter para prevenir queimaduras?

Quando estiver a cozinhar, mantenha o seu cão fora da cozinha ou a uma distância de segurança caso esteja a fazer um churrasco ao ar livre.
Mantenha produtos químicos domésticos fora do alcance dos animais, armazenados em locais inacessíveis e quando os estiver a utilizar esteja atento para evitar que o seu cão ou gato tenha contacto com os mesmos.
Proteja-o da exposição solar prolongada e aplique-lhe protetor solar. Não passear sobre o asfalto em horas intensas de calor.

Golpe de calor

Os cães, especialmente as raças braquicefálicas (boxer, bulldog, pug, etc) podem desenvolver um golpe de calor após uma exposição prolongada a temperaturas elevadas. Este desenvolve-se rapidamente e nem sempre é precedido de sinais alarmantes. Se não for tratado de imediato pode provocar alterações permanentes ou até mesmo levar à morte.
Os sinais clínicos mais comuns incluem um aumento da temperatura corporal, ansiedade, respiração rápida e superficial, aumento da frequência cardíaca, vómito, perda da coordenação motora ou até mesmo colapso.

Os procedimentos de emergência até o animal ser visto pelo veterinário incluem:
• Deslocar o animal para uma zona fresca.
• Iniciar o arrefecimento ativo – molhar o paciente com água ou envolver o corpo com toalhas molhadas.
• Não submergir o animal em água fria ou utilizar gelo, já que um arrefecimento rápido pode provocar vasoconstrição e uma consequente inibição da dissipação do calor.
• Monitorizar a temperatura retal e quando a temperatura atingir os 39⁰

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