A hipertensão arterial nos animais de companhia

A hipertensão arterial nos animais de companhia

Os nossos animais também podem sofrer de hipertensão

O que é a hipertensão?

A hipertensão é uma elevação anormal da pressão arterial. A pressão arterial é a força gerada pelo sangue nos vasos sanguíneos através do batimento cardíaco. Quando a pressão arterial sobe acima da capacidade de resistência dos vasos sanguíneos, instala-se uma situação patológica com consequências graves e potencialmente fatais.

Tal como nas pessoas, quando a hipertensão se instala, pode lesionar diversos órgãos nos cães e nos gatos, como os rins, o coração, a retina ocular e o cérebro.

O que causa a hipertensão?

A hipertensão arterial é um dos problemas de saúde mais graves nas pessoas nos países desenvolvidos e é responsável por inúmeros ataques cardíacos e acidentes vasculares, sendo até apelidada de “assassino silencioso”. Nos humanos pode existir uma predisposição genética para a hipertensão (o que não se verifica nos animais), mas normalmente, a hipertensão surge secundariamente a outras doenças ou como consequência de maus hábitos de saúde (tabagismo e alcoolismo) e estilo de vida, como a obesidade e a má nutrição. Além da obesidade, as causas mais frequentes de hipertensão nos cães e nos gatos são as doenças hormonais (diabetes, hiperadrenocorticismo, hipertiroidismo) e as doenças renais.

Quais são as consequências da hipertensão?

A hipertensão lesiona os pequenos vasos sanguíneos de todos os órgãos. A rotura dos vasos provoca hemorragias (acidentes vasculares hemorrágicos) que lesionam diretamente os tecidos. Em seguida os tecidos que deveriam ser irrigados pelo vaso danificado deixam de receber oxigénio e nutrientes (acidente vascular isquémico) o que agrava a lesão dos órgãos.

Dependendo do calibre e da localização dos vasos sanguíneos afetados, os sinais podem desenvolver-se de forma silenciosa e lenta, ou de forma súbita e severa. Os órgãos mais sensíveis são os mais irrigados, como o coração, os rins, o cérebro e a retina.

  • No coração, além da lesão direta do músculo cardíaco (miocárdio), ocorrem alterações adaptativas à hipertensão que têm como resultado final a insuficiência cardíaca congestiva.
  • Nos rins, a destruição progressiva leva à insuficiência renal crónica.
  • No cérebro a hipertensão leva à degeneração senil (envelhecimento cerebral) precoce e pode provocar também acidentes vasculares cerebrais severos como os que acontecem nos humanos.
  • As lesões hipertensivas da retina levam à cegueira, que pode ser progressiva ou súbita.

Como se mede a pressão arterial?

A pressão arterial mede-se da mesma forma que nos humanos. Nos animais em cuidados intensivos é colocado um catéter especial numa artéria principal. Este é o método mais fidedigno mas também o mais invasivo. No dia a dia, opta-se pelos métodos indiretos, em que se coloca uma braçadeira insuflável para medir a pressão arterial numa artéria das patas ou da cauda, com aparelhos de dois tipos: doppler ou oscilométricos. Este procedimento é indolor mas requer a colaboração do animal. Por isso, independentemente da técnica, é necessário realizar a medição num ambiente tranquilo, pois o animal deve estar calmo.

Valores normais de pressão arterial de algumas espécies animais

Valores normais de pressão arterial de algumas espécies animais

Com que frequência deve ser medida a pressão arterial?

A pressão arterial deve ser medida pelo menos uma vez por ano nos animais com mais de 7 anos, e de 6 em 6 meses nos animais com mais de 9 anos, como medida preventiva integrada num check-up geriátrico. Os animais a quem já foram diagnosticadas doenças que provocam hipertensão devem fazer também um controlo frequente, independentemente da sua idade.

Se for diagnosticada hipertensão, deve-se investigar a sua causa com exames específicos.

Nos animais já diagnosticados, a pressão arterial deve ser medida pelo menos de 3 em 3 meses se estiver controlada, ou mais frequentemente de acordo com a necessidade.

Como se trata a hipertensão?

Em primeiro lugar deve investigar-se a causa da hipertensão, que geralmente é provocada por outra doença que pode estar oculta. Juntamente com o tratamento da doença primária, deve ser implementada uma dieta com baixo teor de sódio e, caso o animal seja obeso, deve iniciar-se um programa de perda de peso. Este programa deve incluir, além da dieta, controlos regulares do peso e exames físicos pelo médico veterinário que acompanha o animal, para ajustar a dieta à evolução individual.

Em casos mais severos pode ser necessário fazer medicação específica para baixar a pressão arterial e para modificar o funcionamento cardíaco. Os medicamentos que podem ser usados são diversos e têm de ser adaptados a cada caso pelo médico veterinário.

Diabetes mellitus

Diabetes mellitus

O que é a diabetes mellitus?

A diabetes mellitus é a doença hormonal mais comum nos animais de companhia. Resulta da produção inadequada de insulina pelo pâncreas, ou pela resistência das células à entrada da insulina existente em circulação.

A insulina possibilita que a glucose entre nas células, onde é depois metabolizada para produzir energia. A disfunção da insulina resulta em hiperglicémia (níveis altos de açúcar no sangue) e em glicosúria (perda de glucose na urina).

A presença de glucose na urina leva a que o animal diabético excrete grandes quantidades de urina e, consequentemente, beba muita água. Numa fase inicial, os animais que não metabolizam açúcar suficiente apresentam apetite aumentado. Com o evoluir da doença, com os efeitos do metabolismo descompensado, o apetite diminui.

Os sinais precoces da diabetes são:

  • micção frequente
  • beber grandes volumes de água
  • apetite desmesurado
  • perda de peso inexplicável
  • pelo baço e quebradiço, seborreia 

Nos casos mais avançados, os sinais são:

  • letargia
  • perda de apetite
  • vómito
  • desidratação
  • fraqueza
  • coma
  • cataratas (opacidade do cristalino), são comuns no cão diabético. As pupilas ficam baças e o animal perde gradualmente a visão.  

 Tratamento da Diabetes 

Geralmente, para tratar a diabetes há que fazer ajustes na dieta e administrar diariamente medicamentos que ajudam a diminuir os níveis de açúcar no sangue.

Na maioria dos casos esta medicação consiste nas injeções de insulina. A dose de insulina a administrar não se baseia apenas no peso do animal e tem de ser ajustada individualmente. Para ser determinada correctamente, o Médico Veterinário recomendará que o animal seja trazido à consulta para se realizar um teste chamado curva de glicémia, que permite estabelecer qual a dose de insulina necessária para cada paciente.

O mais provável é o tratamento da diabetes ter de ser feito para toda a vida. Ao longo do tempo vão ter de ser feitas “afinações” ao tratamento com medições regulares dos níveis de açúcar no sangue (glicémia) ou na urina (glicosúria).

Por este motivo, é possível que o Médico Veterinário peça ao dono que vá avaliando em casa as perdas de açucar na urina, com uma tira especial, para avaliar a eficácia do tratamento. Hoje, a administração de insulina tornou-se mais fácil com a nova VetPen, um aparelho semelhante ao usado pelos humano.

Intoxicação por chocolate…

Intoxicação por chocolate…

É muito importante ter cuidado com o acesso que os animais de estimação podem ter a chocolates. O chocolate é tóxico para eles, e nesta altura do ano, com os ovos e as amêndoas, o perigo redobra.

E porque é o chocolate tóxico para eles?

O chocolate é feito a partir de sementes de cacau que contêm quantidades variáveis de duas substâncias que são a cafeína e a teobromina. Ou seja, quanto mais cacau o chocolate em causa contiver, maior o perigo de intoxicação (o chocolate negro, ou de culinária são mais perigosos).

Quais os sinais que temos que estar alerta caso desconfie que tenha havido ingestão de chocolate por parte do seu animal de estimação?

O tipo de sintomas que podem apresentar é variável e dependente do estado fisiológico e metabólico de cada animal, bem como da dose ingerida. Entre os sintomas que pode observar no seu animal, destacam-se: vómitos, diarreia, hiperatividade, aumento da ingestão de água (polidipsia) e aumento da excreção de urina (poliúria); dilatação abdominal; aumento da frequência dos batimentos cardíacos (taquicardia); aumento dos movimentos respiratórios (taquipneia).

O que deve fazer se o seu animal apresenta algum ou vários sintomas referidos?

Se desconfia que o seu animal ingeriu chocolate, contacte de imediato o seu médico veterinário pois, tal como várias outras patologias, o seu diagnóstico e adequado tratamento serão da inteira responsabilidade de um médico veterinário.
Os cães têm normalmente mais apetência pelo fruto proibido, mas também os gatos podem ser intoxicados com chocolate. Já vimos que a ingestão de chocolate pode colmatar num fim drástico para os nossos animais e para tal não acontecer, podemos oferecer variadíssimas “guloseimas” especialmente concebidos para lhes proporcionar momentos de prazer aliados à sua saúde e bem-estar.
Não facilite, guarde todo o chocolate em lugares fechados e de preferência elevados. Boa Páscoa!

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